terça-feira, 11 de setembro de 2007

A invenção da crise

Baseado em entrevista à Marilena Chaí, do blog de Paulo Henrique Amorim - Conversa Afiada, publicada em 30/07/2007


De acordo com a professora Marilena Chauí, foi a mídia quem "inventou" a crise aérea. De fato, todos os canais noticiavam de maneira sensacionalista o fato, que havia acabado de acontecer, e já relatavam os motivos do acidente antes mesmo de ter sido encontrada a caixa preta. "O que mais impressiona é a velocidade com que a mídia determinou as causas do acidente, apontou responsáveis e definiu soluções urgentes e drásticas!", ela ressalta.

A professora ainda comenta que a mídia não deu tamanha relevância à greve do INSS, por exemplo, embora os efeitos sobre as vidas humanas sejam mais graves nesse último caso. Para ela, "a mídia e setores da oposição política ainda estão inconformados com a reeleição de Lula e farão durante o segundo mandato o que fizeram durante o primeiro, isto é, a tentativa contínua de um golpe de Estado. Tentaram desestabilizar o governo usando como arma as ações da Polícia Federal e do Ministério Público e, depois, com o caso Renan (aliás, o governador Requião foi o único que teve a presença de espírito e a coragem política para indagar porque não houve uma CPI contra o presidente FHC, cuja história privada, durante a presidência, se assemelhou muito à de Renan Calheiros). Como nenhuma das duas tentativas funcionou, esperou-se que a 'crise aérea' fizesse o serviço. Como isso não vai acontecer, vamos ver qual vai ser a próxima tentativa, pois isso vai ser assim durante quatro anos."

(...)

"Mas essa onipotência da mídia tem sido contestada socialmente, politicamente e artisticamente: o que se passa hoje no Iraque, a revolta dos jovens franceses de origem africana e oriental, o fracasso do golpe contra Chavez, na Venezuela, a 'crise do mensalão' e a 'crise aérea', no Brasil, um livro como 'O apanhador de pipas' ou um filme como 'Filhos da Esperança' são bons exemplos da contestação dessa onipotência midiática fundada na tecnologia do virtual."


Para ler na íntegra a entrevista de Marilena Chauí: http://conversa-afiada.ig.com.br

Postado por Juliana Barbosa

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