terça-feira, 11 de setembro de 2007

Apagão Moral

Novamente, estou em luta na Assembléia Legislativa para apurar fatos gravíssimos que desta vez colocam em duvida a credibilidade da Policia de São Paulo. Juntamente com o Deputado Vanderley Siraque do DP protocolei em 18 de Junho de 2007 o requerimento para instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para “investigar supostos esquemas de propina para acobertar o funcionamento de máquinas caça-níqueis a delegacias de policia do Estado de São Paulo”
Porque tento apurar através da CPI?
Em 25 de maio de 2007, o advogado Kamil Chokr colidiu seu veículo Vectra blindado em um ônibus na Marginal Tietê, próximo a Ponte da Vila Guilherme no município de São Paulo. Segundo policiais militares que atenderam a ocorrência, o advogado contou que estava fugindo de um assaltante que o teria seguido de motocicleta desde que ele saiu do escritório.
No interior do veículo, os policiais encontraram sob o banco cerca de R$ 10 mil, mais 40 envelopes repletos de dinheiro que totalizaram R$ 38 mil. Os envelopes estavam enumerados e com a inscrição “DP” em letras maiúsculas – uma possível referencia a Distrito Policial. Além disso, também foram encontradas planilhas e anotações que continham possíveis nomes de policiais e departamentos envolvidos e no porta-malas ainda havia peças de máquinas caça-níqueis. Pelos indícios de propina, os policiais militares preferiram registrar o caso na corregedoria da Policia Civil, em vez da delegacia da área. É importante ressaltar que os números nos envelopes coincidiam com os distritos policiais de São Paulo, cuja numeração vai de 1 a 105.
No dia 28 de maio, a Corregedoria da Policia Militar prendeu um policial militar
que confessou ter fraudado a lista com as iniciais dos DPs e nos envelopes com dinheiro.
Em 1º de junho, um dia depois de ser citado em lista de supostos beneficiados com propina para não agir contra pessoas ligadas a jogos de azar, o Departamento de Policia Judiciária (Decap) fez operação que apreendeu 2.204 máquinas caça-níqueis e fechou sete bingos em São Paulo.
No dia 4 de junho, a Corregedoria da Policia pediu a quebra de sigilo telefônico de pelo menos 25 investigadores que chefiavam equipes em distritos de São Paulo e, em 13 de junho, grampos da Policia Federal confirmaram que Chokr subornava a policia de São Paulo. O empresário flagrado na Operação Xeque-Mate dizia em gravação que “terá de achar desculpa plausível” para lista achada com advogado.
Importante mencionar que, conforme matéria veiculada pelo jornal Estado de São Paulo em 14 de junho de 2007, o Ministério Público Estadual, já havia investigado o advogado Jamil Chokr, entre 2002 e 2003, sob suspeita que o mesmo fazia pagamento de propinas da máfia do jogo para equipes de delegacias de São Paulo, uma vez que o mesmo era sócio-gerente da empresa Reel Token, envolvida em um esquema de corrupção que rendia R$ 600mil mensais somente a policiais civis da cidade de São José dos Campos. Esse caso foi investigado por promotores do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção ao Crime (Gaerco) do Vale do Paraíba. Segundo o Ministério Público, Chokr não chegou a aparecer nos telefonemas gravados durante as investigações e, por isso, não foi denunciado, entretanto, 15 policiais da Secional de São José dos Campos, entre eles o delegado titular, Roberto Monteiro de Andrade Junior, e mais treze empresários ligados ao jogo e ao esquema de corrupção foram denunciados. Na época, o escândalo derrubou toda a cúpula da Policia Civil da região, incluindo o seccional e o chefe de policia no Vale do Paraíba (Deinter-1), Antonio Carlos Gonçalves da Silva. Passados quatro anos, nenhum dos policiais foi punido.
Voltando ao caso em tela, segundo reportagem veiculada na mídia, em especial no Jornal Folha de São Paulo, publicada no dia 14 de junho de 2007, “Planilhas feitas pelo advogado Jamil Chokr contidas no inquérito da Corregedoria da Policia Civil indicam que o esquema de pagamento de propina a policiais para acobertar máquinas caça-níqueis pode atingir mais de 70% das delegacias da capital paulista. A propina por máquina variava de R$30,00 a R$ 40, 00, segundo os documentos”.
Ainda segundo a reportagem supra mencionada:
“O mapeamento das máquinas por distritos é complementado, no inquérito da Corregedoria, por tabelas feitas a mão ou no computador pelo advogado com dados referente às oito delegacias seccionais da capital – cada seccional é composta por vários distritos.
Essas planilhas funcionam como uma espécie de tabela a de projeção para pagamento de propina aos policiais civis dos distritos, segundo a investigação dos policiais da Corregedoria. São nelas que aparecem os valores de R$ 30,00 a R$ 40,00 pagos por máquina.
Nessa tabela também aparece o número de máquinas caça-níqueis na área de cada distrito e a projeção do valor a ser pago.
Em outra tabela, feita no final de abril deste ano, é feita outra projeção de gastos para o mês de maio. Nela, é citada um valor disponível para supostamente ser repassado a policiais civis de R$ 205 mil.
A corregedoria também investiga se quatro laudos emitidos pelo IC, em 2006, foram forjados para favorecer que estariam ligadas ao suposto esquema de propina de Chokr.
Em um dos quatro laudos, peritos atestam que as máquinas analisadas pagam até 118,3% das apostas feitas. Isso significa que, em todas as realizadas em alguns aparelhos, o apostador sai vencedor.
Um dos quatro laudos assinados pelos peritos Bonjorno, diretor do núcleo de patrimônio do IC, Jonas Eboli Machado e Adriano Issamu Ynamine apontou que 20 máquinas da empresa Reel Token, defendida judicialmente por Chokr, pagavam, no mínimo, 80,75% das apostas feitas nelas e, no máximo, 102,84%”.
Para que se instaure a CPI são necessárias 32 assinaturas de Deputados; Já tenho 28, mas o governo se mostra contrário à apuração o que deixa dúvida se consegui o número necessário.
Quero finalmente deixar claro que o intuito é uma apuração transparente e isenta feita pela Assembléia Legislativa, com poder de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico que certamente extrapolará os muros das delegacias e alçara escalões governamentais. Precisam preservar a todo custo a instituição “Policia Civil”, mantendo sua credibilidade junto à população e extirpando de seus quadros uma “minoria podre” que se utiliza da função publica para se locupletar e se aliar ao crime.

Postado por Olimpio

Um comentário:

Cabeça bem feita disse...

10 mil reais dentro de um carro blindado... cada uma... Muito Bom Texto!!!